Crianças com falta de confiança: nasce com elas ou é desenvolvida?

A falta de confiança dita, muitas vezes, o nosso comportamento, a perceção que temos de nós próprios e a forma como encaramos a vida.

É ela que nos impede de fazer algo por sentirmos receio ou por duvidarmos das nossas capacidades.

Certamente que já ouviu uma voz no fundo da sua mente a questionar: “e se eu não conseguir?”, “e se eu não for capaz?” ou “e se eu não alcançar isto?”. Estes são alguns dos momentos em que a falta de confiança se apodera de nós e nos impede de arriscar, ficando à mercê da dúvida. 😔

Mas o que podemos fazer para recuperar a confiança e a autoestima?

Preparamos 6 dicas para que possa implementá-las no seu dia a dia e partilhá-las com os mais jovens!

6 Dicas sobre como recuperar a autoestima e autoconfiança

A autoestima e autoconfiança exercem uma grande influência sobre nós. Por isso, é normal que em certas fases, possam ficar mais abaladas por diferentes razões - e com as crianças e adolescentes não é exceção. 

No entanto, existem algumas práticas para promover e fortalecer a autoestima, a confiança e o otimismo:

  1. Ser mais compreensivo consigo mesmo

É importante perceber que eventualmente vamos falhar. O erro acontece, é algo do ser humano e é através desses mesmos erros que aprendemos a ser melhores!

👉 Como tal, é importante desde cedo transmitir essa mesma mensagem às crianças: o erro acontece e não nos devemos culpar, criticar ou rebaixar por isso.  

  1. Reconhecer as nossas qualidades

É muito fácil cairmos no erro de ver apenas os nossos defeitos e deixarmos que esses pensamentos nos consumam.

No entanto, devemos lutar contra essa tendência e reconhecer aquilo em que somos bons.

Por exemplo: “eu sou bom(a) ouvinte”, “eu sou um(a) bom(a) amigo(a)”, “sou extremamente responsável”, “sou uma pessoa que se preocupa com o bem-estar do outro”, “sou uma pessoa dedicada e esforçada”. 

👉 Para as crianças, este reconhecimento é fundamental para que não mergulhem apenas no lado negativo das suas versões. Todos temos um lado menos bom que tentamos esconder ou disfarçar, mas devemos abraçar-nos tal como somos e tentar ser melhores a cada dia!

  1. Praticar autocuidado

Uma boa autoestima e autoconfiança não nascem do nada. A forma como nos tratamos e como gerimos parte da nossa rotina para nos dedicarmos a coisas que realmente gostamos faz toda a diferença.

Hábitos saudáveis como uma boa alimentação, a prática de exercício físico e hobbies que nos fazem sentir realizados contribuem para o sentimento de “paz interior” e para uma boa autoestima e confiança.

👉 Para os pais é importante implementar esses mesmos hábitos nas crianças desde cedo. Permitir que estas tenham tempo para elas, para brincarem e para fazerem coisas que gostam e que as fazem sentir felizes.

  1. Celebrar pequenas conquistas e reforço positivo!

Celebre até as mais pequenas vitórias. Todo o nosso esforço deve ser sempre reconhecido (e recompensado). 

👉 O reforço positivo é extremamente importante, especialmente para os mais jovens, para que se sintam valorizados. Um acompanhamento ativo dos pais contribui positivamente para sua confiança, autoestima e, além disso, motiva-os a continuar a dar o seu melhor no dia a dia. 

  1. Ter metas e objetivos realistas

Criar metas alcançáveis ajuda a manter a motivação e aumenta a nossa confiança. Ou seja: se estabelecermos objetivos irreais vamos permanecer num estado de frustração por não conseguirmos cumprir com nada. Então, criar uma lista de pequenos objetivos viáveis irá manter-nos motivados e positivos (e realizados na sua concretização).

👉 Para as crianças, ter estas pequenas metas alcançáveis ajuda-as a desenvolver uma maior confiança e a acreditar no seu potencial.

  1. O esforço e dedicação são essenciais

É importante perceber que a nossa confiança é um reflexo do esforço e dedicação que colocamos para atingir determinados objetivos. Ou seja: quanto mais nos propomos a algo e alcançamos um determinado objetivo devido à nossa dedicação, a nossa confiança aumenta na mesma medida!

Mas afinal o que é a falta de confiança?

Se a confiança é a capacidade de confiarmos no outro, de acreditarmos em nós mesmos e nas nossas capacidades para alcançar algo…a falta de confiança é precisamente o oposto, resultando no medo de falhar, de arriscar, partilhar um ponto de vista, etc.

É algo que nos pode perseguir fazendo-nos questionar todas as pequenas decisões e que cria frustração, medo, ansiedade e baixa autoestima. Assim, o resultado é que muitas vezes, acabamos por sentir que estamos totalmente estagnados ou, no pior dos casos, que estamos condenados ao fracasso.

Quando falamos da falta de confiança e da capacidade de confiar em alguém, a explicação é muito simples ➡️: ao não confiarmos em nós mesmos, a tendência é que também não consigamos confiar noutras pessoas.

Isto acontece porque projetamos as nossas inseguranças e, por isso, acabamos por questionar as motivações e intenções da outra pessoa e hesitamos em partilhar sentimentos e opiniões com medo do julgamento e da rejeição. 💔

👧👦 No que toca a crianças e adolescentes, a falta de confiança também acontece e é algo que afeta o seu crescimento e desenvolvimento condicionando, mais uma vez, as relações que estabelecem, a sua atitude perante a escola e na forma como encaram os desafios do dia a dia. Esta falta de autoestima, segundo estudos, pode originar sintomas depressivos que podem prolongar-se até à fase da vida adulta.

O que causa a falta de confiança em crianças e adolescentes?

Certamente que a falta de confiança não nasce connosco. Existem múltiplos fatores que podem contribuir para a falta de confiança e autoestima.

O cerne desta problemática começa desde o momento em que damos os primeiros passos, quando começamos a aprender como funciona o mundo, quando percebemos o que é o certo e o errado, quando nos deparamos com os primeiros desafios da vida… se esta descrição o(a) levou a pensar na infância, está correto(a)!

👉 Na infância o papel dos pais tem um enorme peso na criança que está a ser “construída”. Desde os valores, às formulações dos pensamentos e opiniões, à reação perante certos acontecimentos e claro, na perceção que ganha sobre si mesma.

Estudos confirmam que os pais influenciam diretamente a autoestima da criança através das escolhas que fazem para a sua educação mas também pelos comportamentos e atitudes que tomam perante a mesma. 

Assim:

  • O apoio emocional
  • O reforço positivo
  • E o envolvimento ativo na vida da criança (como o acompanhamento na escola, nas atividades extra curriculares e no desporto)

São fatores que contribuem para uma boa autoestima e consequentemente, para um reforço da sua confiança.

Por outro lado, a negligência, as críticas destrutivas e a proteção excessiva podem ter o efeito contrário. 

Perante estas últimas condições, crianças e adolescentes tendem a criar inseguranças e medos e estão mais facilmente expostas ao desenvolvimento de perturbações de ansiedade, depressão, comportamentos autodestrutivos, entre outros.

Qual é a diferença entre autoestima e autoconfiança?

Apesar das suas semelhanças, autoestima e autoconfiança são conceitos diferentes. 

  • Autoestima → está relacionada com a imagem, a valorização, o respeito e a aceitação que temos da nossa pessoa. 
  • Autoconfiança → está relacionada com a crença (ou descrença) que temos nas nossas capacidades e no nosso potencial. 

Abordar os dois conceitos separadamente é uma tarefa difícil por estarem tão interligados. Pensemos da seguinte forma: uma pessoa com uma boa autoestima, que reconhece o seu valor, que cuida de si mesma e que está em paz com a pessoa que é… acreditará mais facilmente no seu potencial e nas suas capacidades para alcançar aquilo a que se propõe! 💪

Como vimos, os pais têm um papel importante na construção de uma jornada positiva e confiante de uma criança. Uma relação parental saudável em que existe: um acompanhamento ativo, comunicação aberta, apoio emocional, reforço positivo e a imposição de limites saudáveis, contribui para que a criança construa uma boa base de confiança, autoestima e uma percepção positiva de si mesma. 🧡

Considerações Finais

✅ A falta de confiança dita o nosso comportamento, a perceção que temos de nós próprios e a forma como encaramos a vida.

✅ A falta de confiança significa a incapacidade de acreditar em nós mesmos, nas nossas capacidades e também de depositar confiança nos outros.

✅ A falta de confiança também está presente em crianças e adolescentes

✅ Segundo estudos, a falta de autoestima pode originar sintomas depressivos que podem prolongar-se até à fase da vida adulta.

✅ A falta de confiança não nasce connosco, existem fatores que contribuem para o seu desenvolvimento.

✅ Os pais e as suas escolhas na educação das crianças desempenham um papel decisivo para o desenvolvimento (ou falta) de confiança. 

✅ A autoestima está associada à imagem, valorização, respeito e aceitação que temos da nossa pessoa. A autoconfiança está associada à crença (ou descrença) que temos nas nossas capacidades e no nosso potencial.

✅ Existem algumas práticas para promover e fortalecer a autoestima, a confiança e o otimismo.

Referências

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Masselink, M., Van Roekel, E., & Oldehinkel, A. J. (2018). Self-esteem in Early Adolescence as Predictor of Depressive Symptoms in Late Adolescence and Early Adulthood: The Mediating Role of Motivational and Social Factors. Journal of youth and adolescence, 47(5), 932–946. https://doi.org/10.1007/s10964-017-0727-z

Nunes, P., F., Queija, C., C., S., Dias, P., P., M., Oliveira, M., A., S., L., Ribeiro, L., A., C., Rocha, J., S., Amorim, M., V., C., Silva, D., F., F. (2023). Negligência infantil e seu impacto no desenvolvimento psicossocial. Revistaft, 27 (127). doi: 10.5281/zenodo.10045680 

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