Sabia que, em todo o mundo, 1 em cada 160 crianças tem Perturbação do Espectro do Autismo (PEA)? Estes dados oficiais da OPAS e da OMS mostram-nos que esta é uma perturbação mais comum do que imaginamos.
Segundo dados da AIA (Apoio e Inclusão ao Autista) existem quase 52 mil pessoas em Portugal com autismo. Estes valores equivalem mais do que a lotação total do Estádio do Dragão, atualmente com uma capacidade de 50 mil! 😯
Estes resultados reforçam a importância de continuar a conscientizar a população sobre o autismo, promovendo um maior diálogo sobre esta condição que está presente em crianças e adultos e que requer respostas adaptadas às suas características individuais.
👉 Neste artigo de blog vamos falar precisamente sobre isso: o que é a PEA, quais os sinais e sintomas, como é feito o diagnóstico e como podemos intervir.
A Perturbação do Espectro do Autismo (ou somente Autismo) é uma perturbação neurodesenvolvimental, que acompanha crianças e adultos em todo o mundo, ao longo da vida. Esta apresenta um vasto leque de manifestações e é caracterizada por dificuldades:
🔸Na interação social 👥
🔸Na comunicação 🗣️
🔸No comportamento🧍
🔸Nos interesses ❤️
🔸Nas atividades 📖
A PEA não se manifesta de igual forma para todos. De facto, a palavra “espectro” representa isso mesmo: a diversidade na forma como os sintomas e as características se exteriorizam.
Existem por isso diferentes:
🔹Graus de intensidade (casos mais ou menos acentuados)
🔹Áreas afetadas (desde a comunicação, socialização, comportamento, sensibilidade sensorial, entre outros)
🔹Capacidades cognitivas e linguagem (podendo existir pessoas não-verbais, com défice intelectual, linguagem muito desenvolvida ou outras capacidades cognitivas acima da média)
Além de “Autismo” e “Perturbação do Espectro do Autismo (PEA)”, ainda nos podemos referir a esta condição como Transtorno do Espectro Autista (TEA) - termo em português do Brasil também bastante utilizado.
Segundo o DSM-5 os sintomas da PEA podem ser identificados no segundo ano de vida (entre os 12 e os 24 meses).
No entanto, em situações em que existam atrasos evidentes no desenvolvimento, esses sinais podem surgir antes dos 12 meses. Por outro lado, quando se revelam subtis, podem apenas ser identificados após 24 meses.
É possível também que nos primeiros dois anos de infância, exista uma perda gradual ou repentina de competências como é o caso da linguagem e dos comportamentos sociais. Apesar de pouco comum, constitui um sinal de alerta para identificação precoce da PEA.
A PEA, como mencionamos anteriormente, manifesta-se de diferentes formas, de indivíduo para indivíduo. Ainda assim, existem características bastante comuns, nomeadamente:
🧩 Dificuldade em iniciar e em manter conversas.
🧩 Presença de gestos repetitivos e pouco visuais.
🧩 Dificuldade na linguagem e na comunicação verbal e não-verbal.
🧩 Interpretação literal da linguagem.
🧩 Rigidez no pensamento e dificuldade no pensamento abstrato.
🧩 Dificuldade na empatia.
🧩 Comportamentos e interesses restritos e repetitivos.
🧩 Peculiaridades no discurso e na linguagem.
🧩 Hiper ou Hiposensibilidade (sensibilidade reduzida) aos estímulos sensoriais.
🧩 Descoordenação motora.
🧩 Dificuldade na regulação emocional.
🧩 Ausência (ou dificuldade na adequação) do contacto visual e expressões faciais.
🧩 Dificuldade na partilha de interesses e atividades.
Estas características podem surgir em diferentes combinações e intensidades, fazendo com que cada pessoa com PEA tenha um perfil completamente único.
As causas para a Perturbação do Espectro do Autismo ainda não são muito claras. No entanto, alguns fatores podem estar relacionados com o seu desenvolvimento:
🌏 Fatores Ambientais - relacionados com a idade mais avançada dos pais, peso abaixo do expectável no nascimento ou exposição ao valproato durante a gravidez.
🧬 Fatores Genéticos - relacionados com hereditariedade. Ou seja, o autismo pode ter origem genética podendo, em alguns casos, ser herdado em mais de 90%. Cerca de 15% dos casos estão ligados a mutações genéticas conhecidas, mas na maioria, o risco vem da combinação de genes diferentes.
O diagnóstico da PEA é, normalmente, realizado entre a infância e a idade escolar e requer uma análise profunda, minuciosa e completa. Esta avaliação é realizada por profissionais, em que são analisados:
🔹O histórico de desenvolvimento.
🔹O histórico familiar.
🔹Exames físicos.
🔹Avaliação genética.
🔹Testes ao metabolismo.
🔹Exames cerebrais.
🔹Comportamentos clinicamente relevantes nos contextos de vida da criança.
A gravidade do diagnóstico é variável consoante os resultados constatados. Atualmente considera-se 3 níveis de severidade:
1️⃣ O nivel 1 que “requer suporte”.
2️⃣ O nivel 2 que “requer suporte substancial”.
3️⃣ O nivel 3 que “requer muito suporte substancial”.
Em suma: A gravidade dos sintomas é variável e depende do grau de funcionalidade, necessidade de suporte e capacidade de participação. Assim, a sua manifestação varia de indivíduo para indivíduo e a forma como se manifesta também sofre mudanças ao longo da vida.
Segundo um estudo publicado pela Annual Reviews, as intervenções no Autismo devem ser personalizadas respondendo às diferentes necessidades, dificuldades e capacidades de cada pessoa.
🎯 Independentemente dessas variáveis, o objetivo é comum: melhorar a comunicação social, as relações, a autonomia, o emprego (no caso de adultos) e a saúde mental.
A intervenção precoce é a ideal pois permite uma intervenção que contribui para a melhoria das competências adaptativas e redução da gravidade dos sintomas ao longo do tempo.
Para a Perturbação do Espectro do Autismo, a intervenção na NeuroImprove passa por:
Este exame permite compreender a atividade e o funcionamento cerebral do cliente.
Onde os nossos profissionais recorrem a métodos de avaliação psicológica fidedignos para obter um entendimento profundo do histórico e estado mental atual do cliente, confirmando o diagnóstico.
Com base nas avaliações mencionadas anteriormente, são analisados e discutidos os resultados junto com o cliente. Aqui são também definidos, em conjunto, os objetivos terapêuticos alinhados com as necessidades únicas da pessoa.
É estabelecido um plano de tratamento personalizado que pode envolver sessões de Neurofeedback e/ou consultas de Psicologia. O acompanhamento contínuo é assegurado, sendo realizadas reavaliações para perceber as condições atuais do cliente e fazer os ajustamentos necessários.
Para maximizar a eficácia da intervenção, existe uma colaboração não só com a família mas também com a escola (no caso de crianças) e outros profissionais de saúde que possam estar implicados.
A resposta é: sim.
No contexto clínico e nomeadamente em relação à PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção), quando os critérios de ambas as condições se verificam devem ser atribuídos os dois diagnósticos à pessoa.
Um estudo que comparou crianças diagnosticadas com PHDA e PEA com crianças diagnosticadas apenas com PHDA concluiu que, crianças com ambos diagnósticos:
➡️ Têm maiores necessidades de tratamento e de apoio (fora e dentro do contexto escolar).
➡️ Têm maior probabilidade de ter outros problemas psicológicos graves, assim como piores resultados em termos escolares, familiares, sociais, cognitivos e de qualidade de vida.
➡️ Apresentam uma PHDA mais grave com maiores níveis de hiperatividade/impulsividade e de desatenção.
➡️ Têm maiores dificuldades ao nível da atenção, gestão emocional e inibição de comportamentos em relação a crianças com apenas um dos diagnósticos.
A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) afeta crianças e adultos em todo o mundo.
Como vimos, esta perturbação não se manifesta de forma uniforme, por isso, cada pessoa é completamente única e as suas individualidades devem ser abraçadas, respeitadas e compreendidas.
Cada criança ou adulto com autismo oferece-nos uma forma única de ver e de sentir o mundo. Promover a inclusão é abrir um espaço onde todas as mentes têm valor e são verdadeiramente acolhidas. 💙
Na NeuroImprove abraçamos essa individualidade porque acreditamos que devem ser escutadas, valorizadas e fortalecidas. É nesse sentido que acompanhamos cada percurso de forma personalizada, promovendo o crescimento e equilíbrio mental de todos os que nos procuram. 🫂
Gostaria de saber mais sobre a nossa intervenção na PEA? 🧩🩵
Em Abril, o chamado “Abril Azul”, foi o mês da conscientização do autismo! A nossa Psicóloga especializada, Dra. Anabela Castro, falou-nos um pouco sobre isso juntamente de 2 casos reais que tivemos a oportunidade de acolher na nossa clínica:
Apoio e Inclusão ao Autista (AIA). https://www.aia.org.pt/
Autism Spectrum Disorder. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fifth Edition.
Lord, C., Elsabbagh, M., Baird, G., & Veenstra-Vanderweele, J. (2018). Autism spectrum disorder. Lancet (London, England), 392(10146), 508–520. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31129-2
Tafolla, M., Singer, H., & Lord, C. (2025). Autism Spectrum Disorder Across the Lifespan. Annual review of clinical psychology, 21(1), 193–220. https://doi.org/10.1146/annurev-clinpsy-081423-031110
Transtorno do Espectro Autista. Organização Pan-Americana da saúde. Organização Mundial da Saúde Região das Américas. https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista
Zablotsky, B., Bramlett, M. D., & Blumberg, S. J. (2020). The Co-Occurrence of Autism Spectrum Disorder in Children With ADHD. Journal of attention disorders, 24(1), 94–103. https://doi.org/10.1177/1087054717713638