Défice de Atenção em Adultos: Sintomas, Diagnóstico e Como Tratar

December 8, 2025

O défice (ou déficit) de atenção em adultos é uma condição mais comum do que se imagina, mas também é uma das mais frequentemente subdiagnosticadas. 

Muitas pessoas crescem com dificuldades de atenção sem nunca terem recebido apoio adequado na infância, e só na idade adulta, percebem que estas dificuldades continuam a impactar o trabalho, a organização, a memória e até a autoestima. 

Neste artigo, explicamos os sintomas, como identificar estes sinais e como funciona o processo diagnóstico. ✨

O que é o Défice de Atenção nos Adultos?

O Défice de Atenção está subordinado à Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, com a predominância de um padrão desatento e sem a presença de dificuldades na impulsividade/hiperatividade. 

Desta forma, é uma Perturbação Neurodesenvolvimental que afeta significativamente o desempenho das atividades de vida diárias, incluindo no domínio profissional.

A avaliação do Défice de Atenção é realizada através de provas de avaliação psicológica, da recolha de informação desenvolvimental e das dificuldades de vida diária. 

A intervenção farmacológica é um dos métodos mais comuns de tratamento, mas por vezes acarreta efeitos secundários que interferem com a qualidade de vida e bem-estar, não providenciando os resultados desejados a longo prazo. 

Adicionalmente, frequentemente existem outras condições associadas, como Perturbações de Ansiedade e dificuldades emocionais relacionadas com a baixa autoestima.

Sintomas de Défice de Atenção em Adultos

Os sintomas na idade adulta podem variar de pessoa para pessoa, mas seguem um padrão descrito nos manuais clínicos internacionais.

Os sintomas de défice de atenção mais frequentes incluem:

🔷 Não prestar atenção a pormenores e cometer erros por descuido nas tarefas/atividades;

🔶 Dificuldade em prestar e manter a atenção em tarefas e atividades;

🔷 Não prestar atenção ao que se está a dizer (ex. parece que está noutro local);

🔶 Dificuldade em seguir instruções;

🔷 Dificuldades na organização e planeamento de tarefas/atividades, na gestão do tempo e em cumprir prazos;

🔶 Perda frequente de coisas necessárias à execução de tarefas/atividades;

🔷 Esquecimentos frequentes nas atividades diárias;

🔶 Baixa resistência à frustração;

🔷 Baixa autoestima.

Estes sintomas tendem a afetar a vida profissional e pessoal, levando muitas pessoas adultas a sentirem-se “desorganizadas”, “desatentas” ou com a sensação de que se esforçam mais do que os outros para as mesmas tarefas.

Como descobrir se tenho Défice de Atenção?

Se identifica vários dos sintomas acima, isso não significa automaticamente que tem défice de atenção. O diagnóstico é clínico e requer uma avaliação cuidadosa conduzida por um psicólogo ou psiquiatra com experiência em neurodesenvolvimento no adulto.

Alguns sinais que podem justificar uma avaliação:

⚠️ Dificuldades de organização que persistem desde a infância

⚠️ Problemas em manter o foco no trabalho

⚠️ Sensação de “bloqueio” quando precisa de iniciar tarefas

⚠️ Procrastinação crónica

⚠️ Esquecimentos recorrentes

⚠️ Histórico familiar de PHDA (a componente genética é muito relevante)

Muitos adultos procuram ajuda apenas quando percebem que estas dificuldades continuam a impactar a sua vida profissional, financeira ou emocional. 

Existem adultos que apresentam apenas este padrão desatento — o chamado défice de atenção sem hiperatividade. Por isso, são frequentemente, pessoas consideradas “calmas” na infância, mas muito distraídas, sonhadoras ou lentas a organizar tarefas.

Já o défice de atenção com hiperatividade em adultos envolve tanto desatenção como impulsividade e agitação interna. Estes adultos podem ter dificuldade em esperar pela sua vez, interromper conversas ou sentir uma inquietação constante.

A distinção entre estas formas é importante, mas o impacto funcional (aquilo que afeta o dia a dia) é sempre o principal critério clínico.

Como é feito o diagnóstico do Défice de Atenção nos adultos? 

O processo diagnóstico tende a incluir:

1. Entrevista clínica detalhada

Histórico de vida, desenvolvimento, funcionamento comportamental e padrão de sintomas desde a infância — algo essencial, dado que se trata de uma perturbação do neurodesenvolvimento. Aqui são utilizadas escalas e questionários validados para este propósito.

2. Avaliação psicológica estruturada

Pode incluir testes de atenção, memória, funções executivas e outros parâmetros cognitivos.

3. Avaliação diferencial

É importante excluir outras condições que podem imitar sintomas de desatenção, como ansiedade, depressão, privação de sono ou perturbações da tiróide, por exemplo.

👉 Nós, na NeuroImprove, também utilizamos um Eletroencefalograma Quantitativo (qEEG) para conhecer mais sobre a atividade cerebral das crianças e adolescentes que avaliamos diariamente.

O diagnóstico deve sempre ser realizado por profissionais com formação na área do neurodesenvolvimento, como psicólogos e psiquiatras.

Défice de Atenção em adultos: como tratar?

O tratamento mais comum envolve:

💊 Intervenção farmacológica

Estimulantes e não estimulantes prescritos por um psiquiatra. São eficazes, mas podem causar efeitos secundários, como perda de apetite, insónia ou irritabilidade.

🥼 Psicoterapia focada em funções executivas

Ajuda na organização do tempo, gestão da impulsividade, prioridades e rotinas.

🤓 Estratégias comportamentais

  • Utilização de agendas e lembretes
  • Dividir tarefas grandes em etapas pequenas
  • Criar rotinas estáveis
  • Reduzir distrações externas

Geralmente, essas estratégias costumam ser aprofundadas pelo uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).

🧘 Técnicas de mindfulness e regulação emocional

Meditações e outros estilos de práticas de mindfulness podem melhorar a resistência à frustração e à atenção sustentada.

🤗 Apoio para condições associadas

Ansiedade, baixa autoestima e dificuldades emocionais são muito frequentes, e tratá-las melhora significativamente o desempenho diário.

👉 Nós, na NeuroImprove, também utilizamos o Neurofeedback como um treino cerebral que promove regulação das ondas cerebrais que podem estar desequilibradas em crianças e adolescentes com défice de atenção.

Compreender o défice de atenção em adultos é também compreender as crianças de hoje

O défice de atenção em adultos é real, persistente e impacta várias áreas da vida. 

Reconhecer os sintomas, entender o processo diagnóstico e conhecer as opções terapêuticas é um passo importante para quem sente que “sempre foi assim”, mas não sabia porquê.

Na NeuroImprove, trabalhamos sobretudo com crianças e adolescentes, ajudando-as a desenvolver competências de atenção, autorregulação e organização desde cedo. 

Acreditamos que compreender o défice de atenção no adulto também apoia famílias que desejam reconhecer sinais mais rapidamente nos seus filhos, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e autónomo ao longo da vida. 💙

Referências

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). American Psychiatric Publishing. https://www.cruzvermelha.pt/images/pdf/DSM-5.pdf 

Johnson, J., Morris, S., & George, S. (2020). Attention deficit hyperactivity disorder in adults: what the non-specialist needs to know. British journal of hospital medicine (London, England : 2005), 81(3), 1–11. https://doi.org/10.12968/hmed.2019.0188 

Research consortium for non-pharmacological interventions on ADHD, Dentz, A., Soelch, C. M., Fahim, C., Torsello, A., Parent, V., Ponsioen, A., Guay, M. C., Bioulac-Rogier, S., Clément, C., Bader, M., & Romo, L. (2024). Non-pharmacological treatment of Attention Deficit Disorder with or without Hyperactivity (ADHD). Overview and report of the first international symposium on the non-pharmacological management of ADHD. L'Encephale, 50(3), 309–328. https://doi.org/10.1016/j.encep.2023.04.010

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